O filho pródigo
(Lc;15,11-32)
Considero
a parábola do Filho Pródigo um dos mais edificantes e comoventes textos
bíblicos que a Sagrada Escritura nos apresenta.
A
arrogância e imaturidade do filho que se julga independente e preparado
para se aventurar a viver sua vida longe da casa paterna culmina com
sua própria ruína.
Deslumbrado
com as facilidades que o dinheiro lhe traria, exige sua “herança” e
aventura-se ao desconhecido, com uma falsa ideia do que seria a “terra distante”.
O
Pai permite. Dá-lhe liberdade de agir. E o impulsivo filho parte...Só
não contava com as adversidades que cedo ou tarde apareceriam. Sim,
porque o mundo não deixa de ser uma incógnita. E o filho não estava
preparado para situações inusitadas.
A “terra distante” se revelou um mundo egoísta, das falsas relações, da exploracão do homem, da calúnia e da mentira. É o mundo do “quem pode mais” ou do “salve-se quem puder”. O
mundo dos prazeres fáceis e passageiros. O mundo da solidão mesmo
rodeado de pessoas. E foi assim que de repente o filho se viu.
Sem dinheiro, sem amigos, sem dignidade. A mendigar um trabalho qualquer, desejando comer a comida dos animais.
Os
vícios o corromperam moralmente, levando- o à degradação humana Uma
solidão múltipla. Sem dinheiro, sem amigos, sem dignidade, sem Deus...
Mas o filho se ergue. Diz o texto: “Levantar-me-ei e irei ter com meu pai(18)
Era a hora de levantar-se e voltar para a Vida.
O Filho “cai em si”(17)
e toma consciência de seu estado real. Reconhece o seu erro...É o
arrependimento sincero batendo à porta! E o Filho volta. Não altaneiro
como partiu, mas humilhado, envergonhado. Ele pede perdão ao Pai. Quer
ser reintegrado no seio da família: “Pai,
pequei contra Deus e contra ti, e já não sou digno de ser chamado seu
filho.(21)”Trata-me como a um de seus empregados”.(19)
É
o reconhecimento do erro, o arrependimento sincero. O pedido de perdão
de quem se reconhece realmente culpado e quer uma nova chance de
recomeçar.
E
o Pai o recebe de braços abertos. Não pergunta pelos motivos do
retorno. Apenas é movido pelo sentimento de compaixão. Já não haverá
mais noites de angústias, preocupações. Uma festa é feita para celebrar a
volta do filho , gerando revolta no irmão mais velho, que contesta.
Mas o pai amoroso retruca:
“Filho , você esteve sempre comigo, e tudo o que é meu é seu. Mas é
preciso nos alegrar, porque esse seu irmão estava morto, e tornou a
viver, estava perdido e foi encontrado”( 31- 32)
Os Filhos Pródigos de hoje
A
parábola do filho pródigo é sem sombra de dúvida uma passagem
riquíssima do evangelho de Cristo. A misericórdia e o perdão
divino nunca foi tão bem retratado como nessa parábola.
Sempre
que a ocasião oportuniza gosto de refleti-la nos meus encontros de
catequese.
A
história se repete frequentemente em nossos dias quer nas famílias,
quer nas comunidades , nos movimentos pastorais e até mesmo entre
nossas crianças e jovens da catequese.
Filhos
que se afastam das famílias desejosos de assumir a própria vida,
iludidos por um mundo de facilidades são levados pelas drogas. Não
suportam a disciplina e regras estabelecidas pelos pais na família
gerando conflitos devido a essa indisciplina e negação da
autoridade paterna.
Outros
partem simplesmente por partir. São aventureiros, não sentem prazer
na vida em família ou mesmo na comunidade em que vivem.
Outros
ainda sentem-se perdidos numa comunidade marcada por disputas,
invejas e egoísmo. Falta o verdadeiro testemunho de seus membros.
Aqueles que deveriam dar seu exemplo de vivência cristã acabam por
abalar a fé de alguns jovens ainda em formação que acabam por
desacreditar no amor e por fim desertam.
O Pai do
evangelho de hoje ( Filho Pródigo), nos fornece belo exemplo de amor
e acolhida.
Deus é
como esse Pai que fica feliz ao ver o filho retornando para casa e
prepara um banquete para festejar.
A família
e a comunidade devem ser locais de acolhida e perdão. Todos têm
direito à redenção, a uma segunda oportunidade.
Traga o texto para sua realidade
O texto é trazido para a realidade dos jovens de hoje, no sentido de alertá-los para os perigos em se agir muitas vezes impulsivamente e imaturamente. Assim agindo, acabam por desprezar os conselhos dos pais e correm o risco de embrenhar-se por caminhos tortuosos.
A intenção não é mostrar como consequência a volta do filho humilhado e vencido. Mas
sim ressaltar o infinito amor de Deus pelos pecadores. Um Deus que
aceita os inaceitáveis , perdoa os imperdoáveis e acolhe os
desprezíveis.
Assim é nosso Deus! Ele é o Pai que confia em nossa capacidade de sermos melhores e faz festa quando mudamos de vida porque sabe que só assim seremos felizes. Deus é o Pai que nos ama incondicionalmente.
A
parábola aplicada à realidade nos leva a refletir sobre o perigo das
decisões tomadas por impulso. Indica também que o dinheiro nem sempre é
garantia de vida próspera e satisfatória. Sentimentos e relações também
devem ser considerados e bem administrados.
Como
na parábola, cada um é convidado a “cair em si”, voltar o olhar para
dentro de sua própria vida, a tomar consciência do seu estado real e ser
crítico de si mesmo .
Perscrutar erros e acertos e encaminhar seus
passos na direção certa, tendo sempre a humildade de reconhecer suas
falhas.
Há sempre a esperança de recomeçar...
Sempre há um novo caminho à nossa espera...
Guardando para a vida:
O filho pródigo desperdiçou todos os bens materiais que o pai lhe deu como herança.
E você , que uso está fazendo dos dons e bens que Deus lhe deu?
Está fazendo bom uso deles? Ou desperdiçando-os?
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