é fonte de toda a dádiva, manifesta seu amor
preferencial pelos pobres humildes. O cântico de Maria tem
características únicas. Cada palavra tem referências no Antigo
Testamento. Como não lembrar, por exemplo, o cântico de Ana,
mãe de Samuel? O Magnificat é um canto novo, que manifesta quem
é Maria. Ela está feliz. Feliz porque Deus a escolheu, feliz
porque espera Jesus; feliz porque encontrou Izabel que a
compreende e com a qual pode cantar sua alegria. E foi assim que
surgiu o Magnificat, no coração de uma jovem em festa.
Maria
então disse: “Todas as gerações, de agora em diante, me
chamarão feliz, porque o Todo-poderoso fez pra mim coisas
grandiosas”. (Lc, 48-49)
De quantos títulos e
nomes de Maria, você seria capaz de se lembrar neste momento?
Por mais que sua lista seja grande, será incompleta. Sim, porque
seus nomes e títulos são milhares, alguns de origem bíblica,
outros nascidos no coração da Igreja. Realmente, “todas as
gerações, de agora em diante, me chamarão feliz”...
Essa
profecia se cumpriu ao longo dos séculos. Ela viveu sua missão
de fé, no silencio e na simplicidade. Não foi em vista de seu
esforço ou méritos que Maria conseguiu as virtudes que a
ornaram, as graças e os títulos que hoje ostenta. Maria é obra
de Deus. Foi em vista de seu filho que nela realizou maravilhas,
as “coisas grandiosas” a que Maria se referiu no
“Magnificat”. Deu-lhe sua ternura, sua bondade e sua pureza
e, olhando para a humanidade dessa sua serva, chamou-a “cheia
de graça”.
Maria então disse: “O
seu nome é Santo” (Lc 1, 49) Santo é
o termo bíblico que melhor expressa a transcendência, porque de
Deus, porque Deus é Santo, é o Santo, “é três vezes Santo”.
(Is. 6,3). A Virgem Maria, ao proclamar o Magnificat, devia ter
diante de si as palavras que o anjo Gabriel lhe havia dito.
“Aquele que vai nascer será chamado Santo”. (Lc 1, 35). Essa
proclamação da santidade de Deus é o ponto alto de seu
cântico. Maria engrandece o Senhor porque é Santo.
E a
santidade é o horizonte para qual deve tender toda nossa
caminhada. Santo é o batizado que se purifica e se renova
profundamente, consciente de que pertence àquele que é Santo.
São Paulo disse isso com palavras que não deixam qualquer
dúvida. “A vontade de Deus é que sejais santos”. (1 Ts
4,3). Todos nós somos chamados à plenitude da vida cristã e à
perfeição da caridade.
Maria então
disse: “Sua misericórdia se estende de geração em geração
sobre aqueles que o temem”. (Lc 1,50).Na
primeira parte do Magnificat, Maria louvou o Senhor pelo que
tinha realizado com a sua humilde serva. Agora, como filha de
Sião, o louva em nome de seu povo. Começa destacando a
misericórdia de Deus sobre aqueles que o teme. É próprio do
Senhor ser misericordioso para com suas criaturas. Com carinho
imenso olha para os que dele necessitam e a ele acorrem. Mas seu
amor é impaciente: mais do que esperar seus filhos, vai ao
encontro deles, para socorrê-los em suas necessidades.
Logo
Maria iria descobrir que, em seu Filho, Deus tem um rosto que
sorri, uma mão que acaricia, um olhar que envolve, e braços que
se estendem. “Sua misericórdia se estende de geração em
geração sobre aqueles que o temem”. Maria tinha razão.
Pertencemos a uma geração que, sob inúmeras formas, faz
experiências renovadas da misericórdia de Deus. Temos até um
domingo – o segundo da Páscoa – para nos debruçar
especificamente sobre o rosto misericordioso de Deus. Não será
este um sinal de que Deus nos quer ver imitando Maria, isto é,
proclamando ao mundo sua misericórdia?
Maria
então disse: “Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os
que tem planos orgulhosos no coração”. (Lc 1, 51) As
expressões que Maria usou nessa parte do Magnificat podem
parecer fortes e até duras para uma jovem da Galileia de vinte
séculos atrás. São, isso sim, coerentes com a visão de Deus
que ela adquiriu debruçando-se sobre a revelação que ele fez
de si mesmo: “Com teu braço poderoso dispersaste teus
inimigos” (Sl 89,11). A força do “braço de Deus” está a
serviço da justiça e da misericórdia. Mesmo quando corrige
algum de seus filhos, ele o faz para que viva em
plenitude.
Maria louva a Deus porque constatou que quando
alguém se eleva de forma indevida, injusta ou titânica, Deus o
coloca em seu devido lugar. O orgulhoso é um mentiroso pois se
supervaloriza indevidamente. Um orgulhoso é incapaz de valorizar
outras pessoas. No lado oposto está a pessoa que teme a Deus:
reconhece os próprios limites, e, ao mesmo tempo, busca junto a
Ele o auxílio de que necessita.
Maria, diante de
acontecimentos que não compreendia e de experiências cujo
significado não alcançava, guardava tudo “em seu coração”
(Lc 1,19,51). Ela nos demonstra que os humildes se submetem a uma
disciplina, não seguem os pensamentos do próprio coração,
sabem escutar e aprendem os segredos de Deus. Lc 1,52)
Maria
então disse: “Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou
os humildes”. (
Este verso do
Magnificat opõe duas categorias de pessoas: os poderosos e os
humildes. Para Maria a base é a justiça e o amor, a liberdade e
a verdade. Derrubando os poderosos de seus tronos, Deus os leva a
descobrir a verdade sobre si próprios. – verdade que não é
nada agradável. Não há limites para seus desejos de dominação.
São grandes os estragos causados no mundo de hoje pelos
“Poderosos”, isto é, pelos que fazem questão de afirmar
sempre mais seu “eu”, sua força, sua sabedoria, seu
dinheiro.
O tema da exaltação dos humildes é bíblico.
“Tudo vai mudar! O que é baixo, o que é alto, será
rebaixado”. (Ez 21,31). É claro que esta frase não é
reservada só a Maria, mas atingirá todos os servidores do
Senhor. Voltando nosso olhar para Maria, descobrimos que suas
palavras: “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38), muito mais
que uma resposta, são um programa de vida. Ela nos ensina
também, que ser humilde, significa aceitar viver não segundo os
próprios desejos e projetos, por melhores que possam parecer,
mas em função de Jesus Cristo, de seus ensinamentos. Ele que
viveu em nosso meio como aquele que serve. (Lc 22,27)
(Maria
disse então: O poderoso) “ Encheu de bens os famintos, e
mandou embora os ricos de mãos vazias”. Famintos
e ricos: por que essa oposição no cântico do Magnificat? O
grande problema é a tendência dos ricos ignorarem os
necessitados, de acumularem sempre mais e se esquecerem de Deus,
tornam-se escravos de seus próprios bens. Maria ao se referir
aos famintos e ricos, não parece estar fazendo uma profecia, mas
descrevendo uma situação do passado. As injustiças
continuavam; o domínio romano era uma realidade com seus pesados
tributos e uma corrupção que empobrecia ainda mais os pobres.
Maria vê o futuro como seu Senhor o vê. Tem certeza de
que a justiça triunfará. Mesmo que tudo indique o contrário, o
futuro já está garantido para quem acredita nele. Há uma outra
fome que Deus quer saciar; a fome dele mesmo, a fome da vida
sobrenatural, de vida interior, de vida espiritual. As coisas do
mundo não saciam. Quem se sacia com essas coisas poderá ter
espaço para ter fome de Deus?
Maria fala de uma riqueza
que será severamente denunciada nas pregações de seu Filho –
“as preocupações do mundo, a ilusão da riqueza e os outros
desejos”. (Mc 4,19) – pois impede que nasçam no coração os
frutos esperados. Ensina-nos que ser “pobre de espírito” é
uma graça, a qual, pode e deve ser pedida.
(Maria
estão disse: O Poderoso) “ Acolheu Israel, seu servo,
lembrando-se de sua misericórdia, conforme prometera a nossos
pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”.
(Lc 1,54,55) Em seu cântico de louvor e
agradecimento ao seu Senhor, Maria começa lembrando o que nela –
serva e pobre – ele havia realizado. Depois, o que fez em favor
dos humildes e necessitados. Agora, os horizontes se alargam
também o povo escolhido foi ricamente beneficiado, demonstrando
que Deus é fiel. “Acolheu Israel...”. é uma referência ao
povo de Deus, servo, sim, mas não escravo. Deus o trata com
carinho, porque se lembra de sua misericórdia. Na longa
travessia do deserto, foi Moisés que inúmeras vezes, “lembrou”
a Deus suas promessas e seu grande amor.
Maria nos ensina
uma belíssima forma de pedir os dons de que necessitamos: não
apenas chamando a atenção para nossas necessidades, mas também
fazendo referência ao amor gratuito, generoso e inesgotável de
Deus, e à sua misericórdia, manifestada largamente ao longo da
história.
Maria recordava o que o Senhor havia prometido
a Abraão, o quanto havia sido fiel às suas promessas. Como não
se lembraria de que justamente nela estava sendo cumprida a mais
importante promessa: a do Messias. Como as promessas de Deus são
“para sempre”, também nós somos atingidos por elas e
chamados a recordá-las, para que também sobre nós O Senhor
continue manifestando o quanto é misericordioso.
Trechos
extraídos e adaptados de “Um mês com Maria” De Dom
Murilo S.R. Krieger, scj
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Olá, tudo bem? Não conhecia o termo Magnificat. Interessante... Bjs, Fabio www.fabiotv.zip.net
ResponderExcluirboa noite apazde Jesus e o amor de Maria esteja com todos sou coordenadoura de um grupo de oraçaõ chamado magnificat entrei nesse sai pra achar uma imamgem pra nossas camisetas e fiquei maravilhada o signifiado do magnificat paz e bem
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