Lc 15, 1-32 0u 1-10
Jesus recebe crítica dos fariseus e
dos mestres da lei porque se aproxima dos pobres e pecadores. Diante
disso, o evangelista nos presenteia com três parábolas chamadas “da
misericórdia de Deus”, no capítulo 15 de Lucas. Esse capítulo é como que
o coração do Evangelho de Lucas e representa o cume da caminhada de
Jesus a Jerusalém, donde podemos rever o percurso feito e vislumbrar o
trajeto a ser percorrido. Nele encontramos a gratuidade do amor e do
perdão de Deus.
Na terceira parábola, Jesus revela a
imagem de Deus. Ele é um pai que sabe perdoar, acolher, abraçar e
beijar o filho que retorna ao lar, faz festa, divide com os filhos os
bens que tem, permite-lhes fazer a própria experiência de vida.
Esta parábola, com certeza,
desconcertou os ouvintes de Jesus e, hoje, desconcerta também a nós. As
atitudes do pai questionam qualquer sociedade que valorize as
aparências, o poder da autoridade (familiar), o moralismo de fachada, a
supervalorização e a concentração dos bens.
Quando lemos a parábola, ficamos
mais focados no pai que demonstra seu amor e perdoa e no filho mais novo
que abandona a casa e depois se arrepende e volta aos braços do pai.
Esquecemos, com frequência, as atitudes do filho mais velho.
Este é, muitas vezes, proposto como
exemplo de fidelidade, pois não abandona o pai, dedica-se ao trabalho e à
família e não imita a vida desordenada do irmão. É um fiel cumpridor
das leis e, por isso, pensa ter mais méritos diante do pai. Ele aplica a
si a teologia da retribuição, a teologia do “toma lá, dá cá”. Mas o
amor de Deus é gratuito e não se deixa comprar por cumprimento de leis.
Esse filho nunca abandonou a casa,
mas, com a volta do irmão, sente-se estranho na família; sempre obedeceu
ao pai, mas não conhece a lei do amor; reconhece-se bom filho, mas não
aceita o retorno do irmão. Numa palavra, é pessoa ressentida, incapaz de
amar, perdoar e acolher. Não entende nem aceita a atitude de
misericórdia do pai.
Pe. Nilo Luza, ss
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